Claudio Magris, A História não acabou
Io credo nelle persone, però non credo nella maggioranza delle persone. Anche in una società più decente di questa, mi sa che mi troverò a mio agio e d'accordo sempre con una minoranza. (Nanni Moreti)
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quinta-feira, 9 de junho de 2011
Tolerância
«A tolerância, ou seja, o diálogo e as suas contradições constituem um problema universal, que se põe hoje à consciência - e até à legislação - com uma urgência nunca antes conhecida na história. Sob este perfil, a nossa cultura parece talvez impreparada para as devastadoras transformações do mundo que investem a nossa vida, a nossa sociedade, os nossos valores. Nestas enormes mudanças já não há, como no passado, culturas compactas, fechadas sobre si mesmas e o edifício dos seus próprios valores, quase ignaras da existência de outros diferentes sistemas de valores de outras culturas. Hoje em dia as civilizações deslocam-se e misturam-se, povos e estirpes afastadas encontram-se e as suas visões do mundo - religiosas, políticas, sociais - vivem lado a lado, como aquelas barracas de Haia, num politeísmo de valores, significados, tradições, costumes e instituições que ninguém pode ignorar. É um processo que enriquece as nossas culturas e ao mesmo tempo desperta medos e obsessões defensivas. Na globalização toda a identidade se sente ameaçada, com o temor de se dissolver e desaparecer, e então exaspera a sua particularidade, faz dela uma diferença absoluta e selvagem, um ídolo - que, como todos os ídolos, impele facilmente à violência e ao sacrifício de sangue. Algo semelhante - disse Beniamino Andreatta, em Trieste, num dos seus últimos discursos - tinha acontecido na Grécia no século V a. C., com a dissolução das antigas comunidades familiares-tribais no Estado, na pólis; processo do qual em parte nasceu a tragédia grega.»
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