A guerra suada entre homem e mulher, as minúsculas batalhas onde lutam a estupidez, o egoísmo, a lonjura e o amor - e ninguém ganha ou perde onde todos estão resolvidos à vitória (ou à derrota) total. Quase todas as suas canções se debruçam, com laivos de minuciosa morbidez, sobre o desfecho do êxtase amoroso. O corpo caído é examinado com uma lupa que a raiva ou as lágrimas bafejam e enevoam, impedindo o claro olhar. Na poética de Joni Mitchell a saudade nunca é completa: a realidade desfeia e a imaginação deturpa tudo aquilo que o tempo não acaba por apagar. Assim, a canção é o intervalo entre as suas aventuras, aquilo que se faz nas fronteiras da desilusão ou até no limiar duma nova paixão. Entre vidas.»
Miguel Esteves Cardoso, Escrítica Pop
Sem comentários:
Enviar um comentário