A apreensão da vida no seu próprio domínio implica as posições da subjectividade, da contradição e da descontinuidade, fontes da desconfiança, mas também as possibilidades da objectividade e da identidade, fontes da confiança. Não é possível negar ou subsumir um destes aspectos no outro, são articuláveis. «A faceta negativa do pensamento, que busca a fissura e a ausência do fundamento das crenças estabelecidas, coexiste com a sede de ilusões intelectuais, com o permanente desejo de afirmar algo como verdade.» A confiança aspira a fundar, a desconfiança descobre a falta de fundamento e é possibilidade de meditar sobre o infundado.Estabelecer o percurso da confiança à desconfiança, é percorrer um itinerário desde a necessidade de crer, de tornar a vida suportável, até à vontade de desengano e de viver com o insuportável da vida.»
João Maurício Brás, A Importância de desconfiar
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