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terça-feira, 3 de maio de 2011

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«Educação milagrosa. O interesse pela educação só adquirirá grande força a partir do momento em que se renunciar à fé num deus e nao sua solicitude: tal como a terapêutica só pôde florescer quando cessou a crença em curas milagrosas. Até agora, porém, toda a gente acredita ainda na educação milagrosa: é que foi da maior desordem, da confusão dos fins, do desfavor das circunstâncias, que se viu surgir os homens mais fecundos, mais poderosos; pois como seria isso natural? Ora, em breve,também nesses casos se olhará mais de perto, se examinará mais cautelosamente: e nunca aí se descobrirá milagres. Em condições idênticas, numerosas pessoas perecem continuamente; o único indivíduo salvo, em compensação, tornou-se em geral mais forte, porque suportou essas más circunstâncias, graças a uma inquebrantável energia inata, e ainda exercitou e aumentou essa energia: assim se explica o milagre. Uma educação, que já não creia em milagres, terá de tomar em conta três coisas: primeiro, quanta energia se herda?; segundo, por que meio ainda pode ser despertada nova energia?; terceiro, como pode o indivíduo ser adaptado àquelas exigências tão excessivamente variadas da civilização, sem que estas o perturbem e despedacem a sua unidade - em suma, como pode o indivíduo ser incluído no contraponto da cultura privada e pública, como pode ele, ao mesmo tempo, dirigir a melodia e acompanhar como melodia?»

Nietzsche, Humano, demasiado humano

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