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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

47

Como no verso antigo, sou feliz
por «esta sorte imensa, conhecer-te»
e já me tarda a luz onde procuro
outro mais puro modo de dizer-te.
Aos poucos vou fazendo maus poemas
com a rima calada dos sentidos,
até me descobrir a toda a gente
como um vulgar espelho transparente.
Já me esquecia, por uma qualquer
dor distraída que no corpo tinha,
de desenhar a melodia; mas
quando em ti penso sou seguro e claro;
gira a terra sem melancolia,
aceito tudo como o tempo o quis.

António Franco Alexandre, Duende

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