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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Tártaro

«O arbusto do «tártaro» tinha três rebentos. Um deles fora arrancado e o que restou sobressaía, assemelhando-se a uma mão desmembrada. Cada um dos outros dois tinha uma flor. Outrora vermelhas, agora as flores estavam pretas. Um caule estava partido e metade dele pendia com a flor suja na extremidade; o outro, ainda que enlameado com terra negra, apontava para cima. Era evidente que todo o arbusto tinha sido pisado por uma roda e que só depois se reerguera. Embora curvado, o arbusto mantinha-se em pé.
Parecia que uma parte do seu corpo tinha sido arrancada, as tripas reviradas, a mão desmembrada, um olho vazado. Porém, ainda assim, mantém-se de pé e não se entrega ao homem que destruiu todos os seus companheiros em seu redor. «Que energia!», pensei. «O homem venceu tudo, destruiu milhões de ervas, mas esta não capitula.»

Lev Tolstoy, Khadji-Murat

1 comentário:

Anónimo disse...

A vida por vezes prega-nos mesmo grandes partidas!! Mas a fibra de cada um de nós é tanto maior, quanto a nossa capacidade para enfrentar e fintar essa adversidade.