Acerca de mim

A minha foto
Oeiras, Portugal
Aluno e Professor. Sempre aluno.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Mal


«- (...) Também nunca esquecerei o dia da nossa chegada, a alegria de ser acolhida pela tua «Mulher Poderosa». Mas para ser sincera não creio que a América seja ainda um grande país. Quando me tornei cidadã canadiana, devolvi de moto próprio o meu passaporte americano. Há muito tempo que este não era o meu país. E em minha opinião é bom que o Nexus organize este colóquio, pelo menos para clarificar se a falta de liberdade se prende com o mal dentro de nós. Além disso, só podemos esperar que o 11 de Setembro também nos faça perceber até que ponto o Ocidente, os Estados Unidos em particular, é mais uma vez infiel aos seus ideais. Como somos hipócritas quando ser trata de interesses económicos e de política externa! A hipocrisia é o resultado da ganância que estrangula a nossa sociedade. Marx certamente viu-o bem: o capitalismo também é uma força destrutiva! Já para não falar da estupidez que cultivamos, da decadência. Estas coisas têm sempre consequências.
- Entaõ aprovas o que aconteceu a 11 de Setembro? Fazes parte dos que argumentam que devíamos tentar «compreender» porque foram assassinadas por fanáticos religiosos três mil pessoas inocentes? Como se fosse assim tão difícil compreender que esses fascistas são simplesmente o mal.
Joe estava tão emocionado que a sua cabeça sacudia de uma maneira cada vez mais descontrolada, sendo-lhe crescentemente difícil levar a comida à boca. Calmamente, com a mão pousada nos seu braço, Elisabeth disse:
- Não, Joe, não é correcto, e conheces-me suficientemente bem para entender que eu nunca justificaria o assassinato de pessoas inocentes. E sei bem que o mal existe. Nunca esquecerei o mês de Março de 1933. Depois de umas férias na Suíça com os meus pais, voltei para a escola, em Munique. Durante essas duas semanas, Hitler e os seus nazis conquistaram o controlo total da Alemanha. Foi um imenso choque ver que os professores estavam subitamente a afirmar exactamente o oposto do que tinham declarado antes de partirmos. Raparigas que apenas três meses antes desfaleciam diante de um professor denunciavam-no agora porque as tinha proibido de iniciar a aula com um Heil Hitler. Em menos de três semanas todas se tinham transformado em nazis inveteradas. Eu tinha quase 15 anos e desde então não tenho quaisquer ilusões acerca do mal que se esconde dentro dos seres humanos. Mas também sei que não podemos erradicar o mal com bombas e granadas. Vamos ter de descobrir uma resposta melhor do que a chamada guerra do terror.»

Rob Riemen, Nobreza de espírito, um ideal esquecido

Sem comentários: