Rob Riemen, Nobreza de espírito, um ideal esquecido (a propósito de Nietzsche)
Io credo nelle persone, però non credo nella maggioranza delle persone. Anche in una società più decente di questa, mi sa che mi troverò a mio agio e d'accordo sempre con una minoranza. (Nanni Moreti)
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sábado, 30 de abril de 2011
Ser Solitário
«Estar só não significa necessariamente ser solitário. Ter amigos distantes também não - há sempre aqueles amigos que nunca nos deixam e com quem podemos ainda ter uma conversa séria. Eu tenho os livros. Dante, Espinosa, Goethe. Mas mesmo eles não me entenderiam. A verdadeira amizade, amizade masculina, não seria possível, nem mesmo com eles. Eu compreendo-os, mas eles não me compreendem. O mesmo acontece com esta época. Cheguei demasiado cedo. Solidão. Não tenho opção. O que disse Lutero quando teve de defender-se? «É esta a minha posição. Não posso agir de outra maneira.» Ah, Lutero. Certamente sabia escrever. Basta comparar a sua linguagem com a prosa desinteressante dos teólogos actuais. Escrevinhadores! Filisteus cultos! Lutero adorava inegavelmente o drama e dava-se bem com a atenção e a fama. Ah, ser ele próprio Papa, ter poder. Quem procura reconhecimento público deseja apenas isso. «Bene vixit qui bene latuit». Tristia, de Ovídio. Os alunos eram obrigados a traduzir isto: «Quem viveu longe do centro das atenções viveu bem.» Não percebiam. Publicidade! O jornal! Esse é o seu Valhala. O que lhes disse então? «Vocês substituíram a vossa oração matinal pela leitura de jornais.» Gostaram da observação. Aparentemente, também não a perceberam. E estes são os cultos. Até fiz palestras sobre educação liberal. Expliquei então também que ninguém se esforçaria pela Bildung se percebesse quão incrivelmente pequeno é o número dos verdadeiramente cultos como aliás só pode ser. A gratificante palavra Bildung foi destituída de todo o seu significado e não é mais do que uma concha primorosamente pintada mas vazia. A utilidade foi declarada como o mais importante objectivo na vida - ou, para ser mais exacto, ganhar tanto dinheiro quanto for possível. E eu, que assumi a nobre tarefa de formar a elite jovem, o meu trabalho foi rebaixado à função de formar pessoas comercializáveis. Tudo tem de ser comercializável, moderno, adaptado, actual, e, acima de tudo, não ser diferente, não ser difícil, não ser pesado, ser simples - primeiro que tudo simples. Só assim mais facilmente se poderá ganhar dinheiro, só então todos seriam felizes. Não muito difícil, professor. Por favor! Porque qualquer Bildung que pudesse tornar alguém solitário, alguém que não se preocupasse em fazer dinheiro e gerar lucro, levaria tempo, esse era o tipo de educação liberal que eu iria propor, era «superior egoísmo», era «indecoroso epicurismo cultural». Isto seria engraçado se não fosse tão trágico.»
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