Isto não significa que uma pessoa deva ter uma atitude indecisa em relação a determinadas correntes, uma pessoa toma posição, indigna-se regularmente com determinadas coisas, tenta informar-se, mas o ódio indiferenciado é a pior coisa que existe. É uma doença da própria alma. O ódio não faz parte do meu feitio. Se chegasse a esse ponto na época actual, então a minha alma ficaria ferida e teria de tentar encontrar um remédio para isso o mais rapidamente possível. Costumava achar que os meus conflitos interiores se passavam da seguinte maneira, mas era uma explicação demasiado superficial: achava, quando se dava aquela luta voraz dentro de mim entre o ódio e os meus outros sentimentos, que essa luta era entre os meus instintos viscerais de judia ameaçada de aniquilação e as minhas ideias socialistas racionais e aculturadas que me ensinaram a não contemplar um povo na sua totalidade mas como uma parte boa enganada por uma minoria má. Portanto um instinto primitivo em oposição a uma deturpação racional.»
Etty Hillesum, Diário, 1941-1943
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