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quinta-feira, 21 de julho de 2011

A EL-REI D. SEBASTIÃO

«Rei bem-aventurado, em que parece
Aquela alta esperança já cumprida
De quanto o Céu, e a terra te oferece
Fermosa planta de Deus concedida
A lágrimas d'amor, e lealdade,
Só nosso bem, vida da nossa vida:
Em quanto essa inocente, e branda idade
Por Deus crescendo vai felicemente
Té o Mundo encher de nova claridade:
Em quanto este teu povo, e o d'Oriente
Novo acrescentamento por ti esperam
D'outros Reis, d'outra terra, d'outra gente:
Tais promessas os Céus de ti nos deram
No teu milagroso nascimento,
E esprito igual em ti nelas puseram.
Eu levado d'amor de santo intento
(Quem ant'essa brandura temeria?)
Deter-te com meu verso um pouco tento.
Depois virá um tão ditoso dia,
Que as tuas Reais Quinas despregadas
Na multidão de toda  a Barbaria.
As vitoriosas frotas carregadas
Das cativas coroas, e bandeiras,
D'outro esprito maior sejam cantadas.
Agora ouve, Senhor, as verdadeiras
Guias, que levam os Reis a essa alta glória,
Não duras armas só, velas ligeiras.
Quantas armadas conta a antiga história,
Quantos grandes exércitos perdidos
A mais poucos deixaram já vitória!
Esses tanto no mundo conhecidos,
Cujos nomes venceram tantos anos,
Não foram só por força obedecidos.
Não se sogigam corações humanos
De boa vontade vontade a força, um peito aberto
Os vence de bom amor, sem arte, e enganos.»
[...]

António Ferreira, Poemas Lusitanos

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