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sábado, 30 de julho de 2011

Medeia

Medeia (no interior)
Ai de mim! Sofrimento e desgraça!
Soluço bem alto a minha dor!
Filhos malditos duma mãe odiada
Morrei com vosso pai
E que a nossa casa em ruínas se afunde.

Ama 
Ai de ti, desgraçada
Qual é a culpa dos filhos na injustiça do pai?
Porque os odeias a eles?
Ai de nós, meus filhos,
A angústia é grande porque temo
Que recaia sobre vós o sofrimento.
Terrível é a vontade dos príncipes
Porque eles obedecem pouco, mandam muito
E não sabem mudar de caminho.
Os homens precisam de viver na igualdade.
Por isso peço ao destino que me dê um lugar
Onde envelheça em paz e longe de grandezas.
A medida é, pelo seu nome,
A palavra mais bela
E o seu uso é útil
Porém o excesso nunca trouxe aos mortais
Uma alegria justa.
E são os excessos que desencadeiam
As calamidades mais pesadas,
Quando contra o mortal o deus se irrita.

Eurípides, Medeia (Recriação poética ), por Sophia de Mello Breyner Andresen

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