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sexta-feira, 1 de julho de 2011

A Natureza

«A capacidade que o Homem tem de ligar o pensamento ao seu símbolo próprio e de o exprimir depende da simplicidade do seu carácter, ou seja, do seu amor da verdade e do seu desejo de a comunicar sem perda. A corrupção do Homem tem como consequência a corrupção da linguagem. Quando a simplicidade de carácter e do domínio das ideias são destruídos pela prevalência de desejos secundários - o desejo de riquezas, de prazer, de poder, e de honra - e a duplicidade e falsidade substituem a simplicidade e a verdade, o domínio sobre a Natureza como intérprete da vontade perde-se; cessa a criação de novas imagens e velhas palavras são distorcidas até significarem coisas que o não são; usa-se papel-moeda quando já não há barras de ouro na caixa forte. Em devido tempo a fraude é descoberta e as palavras perdem todo o poder de estimular o entendimento ou os afectos. Em qualquer nação há muito civilizada se podem encontrar centenas de escritores que, por breve espaço de tempo, acreditam e podem fazer crer que vêem e exprimem verdades, que, por si próprios, não envolvem um pensamento nas suas vestes naturais, mas que, inconscientemente, se alimentam de língua criada pelos escritores primordiais do país, ou seja, aqueles que se atêm, primordialmente, à Natureza.»

Ralph Waldo Emerson, A Natureza

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