surgiu como minérios que na pedra assomem
do silêncio. Seu coração, efémero lagar
de um vinho inesgotável para o homem.
Nunca a voz lhe falhou no pó, se fosse
do exemplo divino possuído.
Tudo se torna vinha, ou cacho de uva doce,
em seu sul sensível amadurecido.
Nem os reis que nas criptas apodrecem
desmentem seus louvores, nem, quando descem,
lá da parte dos deuses, sombras baças.
Porque ele é um dos mensageiros vivos:
transpõe o limiar dos mortos e ergue as taças
com os seus frutos de esplendor votivos.
Rainer Maria Rilke, Os Sonetos a Orfeu
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