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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Écloga Perdida

À beira do meu verso não há flores,
Nem verdes ramos nem canaviais,
Nem vergônteas esguias como ais
Ondulam com os ventos voadores.

Ninguém passa também nos areais
Desertos. Aves, nuvens, leves cores:
- Nem sequer esse fáceis pormenores
De soluços monótonos e iguais.

Se a tarde empalidece de tristeza
E poisa magoada na aspereza
Dos montes, o regato ganha vida,

E estende para a noite enorme e langue
No grito solitário do meu sangue
O sonho de uma écloga perdida.

Bernardim Ribeiro

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