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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Anexo

«Fosse Portugal uma Grécia, que Oliveira Martins seria um Tucídides e Fernão Lopes um Heródoto. E porque não há-de ser Portugal uma Grécia, embora bastante arcaica, ou a da caverna dos leões... desses leões que descobriram e conquistaram as terras desconhecidas? Se a Grécia foi uma espécie de sublime cristalização balcânica, um ponto luminoso numa confusão de povos que se perdem, para as bandas do Norte, em geladas estepes infinitas, também Portugal foi uma definição ocidental e da confusa Ibéria ou Balcãs do Ocidente, não espraiada ou ilimitada, mas definida como um bloco a sair do mar, apenas ligado à terra firma por um processo isolador ou montanhoso: a maior confusão étnica dentro da mais nítida definição geográfica.
Os Gregos, como o Lusíadas, foram navegadores e colonizadores. Ainda existe uma nova Tróia, em frente de Setúbal, numa paisagem que lembra a Helénia. E ainda possuímos belas estátuas actuais de carne e osso de antigas mulheres gregas em algumas praias. Temos um Partenão nos Jerónimos, uma deusa Minerva em Coimbra, que ostenta o título de Lusa Atenas, com tão alta prosápia como a torre da Universidade, onde floresce a filosofia medieva, vulgo Teologia. A deusa da Ciência está sobre a cátedra de um lente ou de uma veneranda cabeça catedrática e segura uma esfera de mármore nas mãos, o que inspirou a seguinte quadra ao nosso Afonso Vieira:

Se o pai dos deuses consente,
Deixa cair essa bola
Sobre a cabeça do lente.

Teixeira de Pascoaes, Ensaios de Exegese Literária e Vária Escrita

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