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sábado, 29 de outubro de 2011

Amor

«Haverá que amar o género humano na sua totalidade ou é ele um objecto que se deve considerar com / desdém, ao qual sem dúvida (para não se tornar misantropo) se deseja todo o bem, mas nunca contudo se deve esperar nele, por conseguinte, será preciso antes desviar dele os olhos? - A resposta a esta pergunta funda-se na réplica que se der a uma outra: há na natureza humana disposições a partir das quais se pode inferir que a espécie progredirá sempre em direcção ao melhor, e que o mal dos tempos presentes e passados desaparecerá no bem das épocas futuras? Pois, se assim for, podemos amar a espécie, pelo menos na sua constante aproximação do bem; caso contrário, deveríamos votar-lhe o ódio ou o desprezo; em contrapartida,  a afectação de um universal amor dos homens (que seria então, quando muito, apenas um amor de benevolência, não de complacência), pode dizer o que quiser. Com efeito, ao que é e permanece mau, sobretudo na violação mútua premeditada dos direitos mais / sagrados do homem, não é possível - mesmo com o maior esforço por em si se obrigar ao amor - evitar o ódio, não justamente para fazer mal aos homens, mas para lidar o menos possível com eles.»

Immanuel Kant, A Paz Perpétua e Outros Opúsculos

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