Luís Vaz teria feito riqueza nos Países Baixos, se Coimbra não tivesse sido determinante para a sua escrita. Conta-se que, um dia, outro rapaz injuriou-o. Luís Vaz correu a dizer a seu tio Bento. Este não tinha em Santa Cruz uma espada para lhe dar. Uma dessas peças de cabo trabalhado a pedras semi-preciosas e bronze. Tirou da mesa de trabalho uma pena e molhou-a na ferruginosa tinta. Era uma pena com incrustações a azul e marfim e, quem sabe se carregada de poderes. Luís Vaz segurou-a com a mão nervosa e o riso escarninho dos louros atlânticos. A surpresa do gesto de seu tio anulou-lhe a injúria e uma ordem na voz avassalaria as escritas suas contemporâneas. Versos a Pero Moniz, por exemplo, que foi natural de Alenquer e que viria aos vinte e poucos anos a ser repasto de peixes no mar da Abassia; afrontas do destino era o seu fado narrá-las.»
João MIguel Fernandes Jorge, Uma Paixão Inocente
Sem comentários:
Enviar um comentário