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quinta-feira, 10 de março de 2011

Alquimia

«A primeira função do homem poeta é a descoberta do verdadeiro significado do seu eu. O poeta tem de se conhecer a si mesmo,, tem de desvendar a sua alma «inteira». Não é do eu individual que se trata, nesta procura, (os que ficam por aí são os limitados autores a que Rimbaud chama «egoístas», que não ultrapassam o domínio do ego) trata-se da imensidade da alma, de pôr a descoberto e percorrer os seus mais longínquos limites, os seus mais profundos conteúdos, nem que para isso haja que a desregrar, desequilibrar, tornar mesmo monstruosa. Ser «vidente», fazer-se «vidente» de todas as maneiras, para chegar a ser conhecedor de si mesmo, e mais do que de si mesmo, da «alma universal». Na alma reside o mistério. E vale a pena pagar todos os preços, mesmo o do crime, mesmo o da loucura, para se chegar a ele. Desvendar o mistério é chegar ao «desconhecido», e poder contemplá-lo e exprimi-lo é a suprema realização. O além, («là-bas») é o verdadeiro domínio do poeta, e a formalização dos conteúdos desse além a sua verdadeira missão. A linguagem poética universal que Rimbaud proclama é uma linguagem «da alma para a alma» e cabe ao poeta definir a «quantidade de desconhecido» que em cada época se arranca à alma universal. Nada se explica, nem na poesia em si, nem no seu progresso ao longo dos tempos, que não seja em função dos conteúdos do inconsciente colectivo que ela descobre e actualiza.»

Yvette K. Centeno, A Alquimia do Amor

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