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quarta-feira, 2 de março de 2011

A Luís de Camões

Sem cólera nem mágoa arromba o tempo
As heróicas espadas. Pobre e triste,
À nostágica pátria regrediste
Pra com ela morrer nesse momento,
O capitão, no mágico deserto.
Tinha-se a flor de Portugal perdido
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava o seu costado aberto.
Quero saber se aquém da derradeira
Margem compreendeste humildemente
Que o império perdido, o Ocidente
E o Oriente, o aço e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda a humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.

Jorge Luis Borges, O Fazedor

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