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domingo, 14 de novembro de 2010

Camilo nas palavras de Pascoaes

«Camilo, pálido e trémulo, recebe, na memória assombrada, o desenho da borrasca, um desenho caótico ou do Caos... É o belo horrível visto e imaginado, ou visto em imagem, essa fêmea grávida, nos miolos dum Poeta. A imagem do mar pariu Os Lusíadas; e a da alma humana o D. Quixote. Cervantes viu-a, com se ela fosse uma estrela. E a nossa própria imagem não somos nós num efeito quimérico de luz? Estamos nesse efeito quimérico, como numa dor de cabeça ou em qualquer pensamento que nos domina e pode artisticamente exteriorizar-se. A obra de arte é a projecção, no exterior, da Fauna e Flora criadas na nossa intimidade. A obra lírica é um jardim, e a dramática também, mas zoológico, com bramidos de tigre e cantos de Sereia, a transcender para a Fábula. Um cavalo tem as patas no estrume e relincha, na falta do céu, contra o tecto da estrebaria, como dirá Camilo.»

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