Santo Agostinho, Diálogo sobre o Livre Arbítrio
Io credo nelle persone, però non credo nella maggioranza delle persone. Anche in una società più decente di questa, mi sa che mi troverò a mio agio e d'accordo sempre con una minoranza. (Nanni Moreti)
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Vontade
«Com efeito, dissemos, e chegámos entre nós a acordo, que é por aquela vontade que os homens a merecem [a vida feliz], e que também é pela vontade que são infelizes e, assim, recebem o que merecem. Mas agora, na realidade, há aqui qualquer coisa que repugna e, se não a analisarmos diligentemente, corremos o risco de perturbar o que anteriormente se disse com tão firme e atenta razão. De facto, como pode alguém suportar voluntariamente uma vida infeliz, se absolutamente ninguém quer ter uma vida infeliz? Ou, então, como poderemos afirmar que é voluntariamente que o ser humano atinge a vida feliz, uma vez que há tantos homens infelizes e que todos querem ser felizes? Ou será que isto acontece porque uma coisa é querer o bem ou o mal, e outra merecer alguma coisa por meio da boa ou da má vontade? Na verdade, os que são infelizes, e que, necessariamente, também são bons, não é pelo facto de terem querido a vida feliz que são felizes - com efeito, isto também querem os maus -, mas por quererem viver retamente, coisa que os maus não querem. E por isso não é de admirar que os homens infelizes não obtenham aquilo que querem, ou seja, a vida feliz. Efectivamente, eles não querem igualmente aquilo que a acompanha, e sem o qual ninguém é digno dela e ninguém a obtém, ou seja, a retidão de vida. Aquela lei eterna, a cuja análise já é tempo de regressar, estabeleceu isto mesmo com uma firmeza imutável, de tal modo que o mérito está na vontade, mas o prémio e o castigo estão na felicidade ou na infelicidade. Assim, quando dizemos que os homens são infelizes voluntariamente, não dizemos, por isso, que tenham querido ser infelizes, mas que o são voluntariamente, uma vez que a sua vontade é tal que também se segue necessariamente que sejam infelizes contra a sua vontade. Daí que isto não vá contra as razões antes apresentadas, visto que todos querem ser felizes, mas não podem. Com efeito, nem todos querem viver retamente, e é só a esta vontade que se deve a vida feliz.»
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