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Aluno e Professor. Sempre aluno.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Telmo

«Virou-se-me a alma toda com isto: não sou já o mesmo homem. Tinha um pressentimento do que havia de acontecer... parecia-me que não podia deixar de suceder... e cuidei que o desejava enquanto não veio. - Veio, e fiquei mais aterrado, mais confuso que ninguém! - Meu honrado amo, o filho do meu nobre senhor está vivo... o filho que eu criei nestes braços... vou saber novas certas dele - no fim de vinte anos de o julgarem todos perdido - e eu, eu que sempre esperei, que sempre suspirei pela sua vinda... - era um milagre que eu esperava sem o crer! - eu agora tremo... É que o amor desta outra filha, é maior, e venceu... venceu, apagou o outro. Perdoe-me Deus, se é pecado. Mas que pecado pode haver com aquele anjo? - Se me ela viverá, se escapará desta crise terrível! - Meu Deus, meu Deus! (...) Levai o velho que já não presta para nada, levai-o por quem sois! (...) Contentai-vos com este pobre sacrifício da minha vida, Senhor, e não me tomeis dos braços o inocentinho que eu criei para vós, Senhor, para vós... mas ainda não, não mo leveis ainda. Já padeceu muito, já traspassaram bastantes dores aquela alma; esperai-lhe com a da morte algum tempo!»

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, III, 4

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