sê servil na pátria dos outros
pois a tua terra deixou-te nascer
somente para a fome ou para que vivas
no chiqueiro de um porco. Emigra e
volta da pátria dos outros
sem palavras, mas carregado de coisas
se, acaso, tiveres sorte, isto é,
se fores suficientemente servil.
Podes depois voltar
com alma de aluguer
abandonada que foi a tua terra
para te sujeitares ao trabalho que
te envergonharias de fazer. E
quando regressares - julgando tu que
regressar é verbo que se conjuga -, vais
julgar-te um herói, qualquer coisa,
só porque andas com máquina de vídeo
choldreando por todo o lado. Isto é
também a tua pátria, a tua vida. E
não há cão que
uive às trevas da tua dor.
João Miguel Fernandes Jorge, Terra Nostra
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