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sábado, 3 de dezembro de 2011

11. O Tempo não pode medir a eternidade

«Quem afirma tais coisas, ó «Sabedoria de Deus». Luz das inteligências - ainda não compreendeu como se realiza o que se faz por Vós e em Vós. Esforça-se por saborear as coisas eternas, mas o seu pensamento ainda volita ao redor das ideias, ideias da sucessão dos tempos passados e futuros, e, por isso, tudo o que excogita em vão.
A esse quem o poderá prender e fixar para que pare um momento e arrebate um pouco do esplendor da eternidade perpetuamente imutável, para que veja como a eternidade é incomparável, se a confronta com o tempo que nunca pára? Compreenderá então que a duração do tempo não será longa, se não se compuser de muitos movimentos passageiros. Ora estes não podem alongar-se simultaneamente.
Na eternidade, ao contrário, nada passa, tudo é presente, ao passo que o tempo nunca é todo presente. Esse tal, verá que o passado é impelido pelo futuro e que todo o futuro está precedido dum passado, e todo o passado e futuro são criados e dimanam d'Aquele que sempre é presente. Quem poderá prender o coração do homem, para que pare e veja como a eternidade imóvel determina o futuro e o passado, não sendo nem passado nem futuro? Poderá, porventura, a minha mão que escreve, explicar isto? Poderá a actividade da minha língua conseguir pela palavra realizar empresa tão grandiosa?»

Santo Agostinho, Confissões

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