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Oeiras, Portugal
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domingo, 13 de novembro de 2011

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«A justiça que recompensa. Quem tenha entendido plenamente a teoria da inteira irresponsabilidade já não pode meter no conceito de justiça a chamada justiça que pune e recompensa: caso esta consista em dar o seu a cada um. Pois aquele que é punido não merece a punição: ele é apenas utilizado como meio para, doravante, dissuadir de certos actos; do mesmo modo, aquele a quem se recompensa não merece essa recompensa: é que ele não podia agir de maneira diferente daquela em que agiu. Portanto, a recompensa tem só o sentido dum encorajamento para ele e para outros, a fim de fornecer um motivo para ulteriores acções; é para o corredor na pista de corridas que se gritam elogios, não para aquele que está na meta. Nem  o castigo nem a recompensa são algo que caiba a alguém como o que é seu: são-lhe dados por razões utilitárias, sem que, com justiça, ele os pudesse reclamar. Deve-se poder dizer que «o sábio não recompensa, porque se agiu bem», tal qual como se disse que «o sábio não castiga, porque se agiu mal, mas para que não se aja mal». Se a pena e a recompensa fossem suprimidas, então desapareceriam os mais poderosos motivos que afastam de certas acções e levam a certas outras acções; o interesse dos homens exige a sua permanência; e na medida em que pena e recompensa, repreensão e louvor agem da maneira mais sensível sobre a vaidade, pois o mesmo interesse reclama também a permanência da vaidade.»

Friedrich Nietzsche, Humano, demasiado humano

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