(Entretanto, no que a exegese desta parábola parece pecar gravemente, é no facto de não considerar, de todo, que o olmo, o carvalho, o animal e a Cidade dos malfeitores, estão exactamente no mesmo plano; que se situam lado a lado no espaço; que não existe outro reino senão o deste espaço que é mítico; e que longe de representar uma gradação, uma progressão, estes quatro objectos têm a mesma qualidade em relação a Diana, e constituem os quatro fins dos quatro movimentos que ela efectua, desenvolvendo «a sua altura, a sua profundidade, a sua largura e o seu cumprimento«, não no sentido em que o olmo seria a sua altura, nem a Cidade dos malfeitores a sua profundidade: na verdade, cada um destes objectos dá lugar aos quatro movimentos que se reproduzem por quatro vezes, porque estes objectos são completos como é igualmente completo o gesto de Diana).
Diana atinge sucessivamente duas árvores, o olmo e o carvalho, e esta dualidade (a árvore da vida e a árvore da ciência ou da morte) diz respeito à sua dupla natureza: mortífera e luminosa, ou melhor, luminosa porque mortífera. O seu duplo estado: infecundade, mas fecundável, ou melhor fecundante porque infecundada. Um estado de integridade baseado na morte da virilidade exterior, tendo esta última sido suspensa como uma ameaça sobre a sua integridade imortal: e a perda da virgindade prefigurando aqui a morte no próprio seio do ser incorruptível. E ela própria, virgem, agindo porém como princípio fecundante, pois a virilidade que ela atinge no exterior renasce dentro dela como princípio de morte no seio do ser.»
Pierre Klossowski, O Banho de Diana
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