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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Ritmo

 «O ritmo não é apenas um aliado da memória, pois também é um catalisador dos nossos prazeres - a dança, a música e o sexo jogam com a repetição, o compasso e as cadências. A linguagem também possui infinitas possibilidades rítmicas. A épica grega flui em hexâmetros, que criam um peculiar ritmo acústico através de combinações de sílabas longas e breves. Pelo contrário, o verso hebraico prefere os ritmos sintáticos: «Há um breve momento para tudo e um tempo para cada coisa sob o céu: um tempo para nascer e um tempo para morrer, um tempo para plantar e um tempo para arrancar o que se plantou; um tempo para matar e um tempo para curar, um tempo para destruir e um tempo para edificar...» Dir-se-ia que estas frases do Eclesiastes cantam e, de facto, o músico Pete Seeger compôs uma canção, inspirada nelas - Turn! Turn! Turn! (To everything there is a season) que chegou ao topo das listas de êxitos em 1965. Na origem da poesia, o prazer do ritmo foi posto ao serviço da continuidade cultural.»

Irene Vallejo, O Infinito num junco

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