Erguem-se os ventos e contra mim se assanham,
se rebelam, gritam-me fúrias antigas, incontidas,
e assomam às portas assobiando velhas canções tristes.
Dizem que por eles morreram já algumas aves.
E que os trigos cederam à tentação de os seguir
e se perderam para sempre na planície, como as crianças.
Nunca lhes digas o meu nome, não lhes contes que existo.
Guarda-me agora em ti como um outro segredo -
o teu sono era quente, lembro-me da janela do teu quarto
a dar para o céu, os ventos passavam nela devagar,
mas nunca se detinham
e depois, de manhã, acordávamos sempre junto ao sol.
Maria do Rosário Pedreira
Sem comentários:
Enviar um comentário