Às vezes a vida chama-nos à razão.
Repentinamente.
O rouxinol deixa de cantar
e, no seu silêncio,
anuncia a chuva a bater na vidraça.
Melhor,
logo que interrompe o seu canto,
a chuva invade-nos
e varre tudo à sua passagem.
Abruptamente.
Sem aviso,
aquilo que ontem era marcado
por um horizonte
a perder de vista,
tornou-se
paisagem devastada
em sombrios ocasos.
O fulgor luminoso de ontem
O fulgor luminoso de ontem
deu lugar à escuridão
de uma paisagem devastada.
Ouvido, então, o choro da terra,
por maior que seja a treva,
irrompe
pela superfície dos oceanos
e vem lembrar-nos
que à escuridão
sucede sempre a luz,
seja quando for,
em que circunstâncias for.
No esforço redobrado para seguir o seu caminho, o homem levanta-se.
Simplesmente.
Mesmo que seja num
trânsito sem destino,
em direção a nenhures.
Só que o facto de identificar este destino
é já o prenúncio
de uma vontade nomeada.
A vontade,
enquanto existe a aspiração
a um canto de rouxinol recuperado,
é o princípio de salvação.
Salvemo-nos
Salvemo-nos
e que sejamos capazes de caminhar
em direção ao lugar
onde as almas se encontram
e onde possamos encontrar
uma redenção.
Aí chegados,
em resultado de uma atitude determinada,
seremos inteiros, imbatíveis divinos.
Sonhemos
Sonhemos
com a reconstrução do templo da paz universal.
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