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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Liberdade

« (...) se pudéssemos perguntar a um Grego antigo o que o distinguia de um bárbaro, creio que ele não poria em primeiro lugar estas glórias do espírito helénico, apesar de estar plenamente consciente de que fazia a maior parte das coisas de uma maneira mais inteligente. (Demóstenes, por exemplo, ao censurar os seus concidadãos pela sua política de brandura para com Filipe da Macedónia, dizia: «Vocês parecem um bárbaro a tentar jogar o box. Atingi-o num lado, e as suas mãos acorrerão lá; atingi-o em qualquer outra parte, e as suas mãos lá estarão»). Nem tão-pouco pensaria em primeiro lugar nos templos, nas estátuas e nos dramas que nós tão justamente admiramos. Ele diria, e de facto disse-o »Os bárbaros são escravos; nós, Gregos, somos homens livres».
O que queria ele dizer com esta «liberdade» dos Helenos e «escravidão» dos não-helenos»? Devemos ter cuidado em não lhe dar um sentido estritamente político, embora o matiz político seja bastante importante. Politicamente significava, não necessariamente que o cidadão se governava a si próprio, - pois a maior parte das vezes assim não acontecia - mas sim que, qualquer que fosse o governo da cidade, respeitava os seus direitos. Os negócios de Estado eram do domínio público, não apenas da competência exclusiva de um déspota. As pessoas eram regidas pela Lei, uma lei conhecida, que respeitava a justiça. Uma vez que viviam numa verdadeira democracia, essas pessoas tomavam parte no governo do Estado, - a democracia, como os Gregos a entendiam, é uma forma de governo que o mundo actual não conhece nem pode conhecer. Mas se não viviam numa democracia, os Gregos eram, pelo menos, «membros», não súbditos, e os princípios da governação, toda a gente os conhecia. O governo arbitrário ofendia os Gregos até ao fundo da alma.»

H. D. F. Kitto, Os Gregos

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