Toda a nossa existência no aquém, a felicidade e a infelicidade, a alegria e o sofrimento, é, para nós, a vida "terrena" e - dependendo do caso - um paraíso terreno ou um vale de lágrimas terreno. É então explicável que, em muitos mitos e lendas nos quais os povos guardaram as suas memórias e experiências mais antigas e profundas, a terra apareça como a grande mãe dos homens. Ela é designada como a mais velha de todas as divindades. Livros sagrados contam-nos que o homem vem da terra e tem de voltar à terra. A terra é o seu fundamento maternal; ele próprio é então um filho da terra. No homem que está consigo ele vê um irmão terreno e um cidadão da terra. Dos quatro elementos tradicionais - terra, água, fogo e ar -, a terra é o elemento que está destinado ao homem e o que mais fortemente o determina. O pensamento de que a existência humana pudesse ser cunhada de um modo igualmente forte por outro dos quatro elementos aparece, à primeira vista, como uma possibilidade apenas fantástica. O homem não é um peixe nem um pássaro, nem, caso tal houvesse, qualquer ser ígneo.»
Carl Schmitt, Terra e Mar
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