Walter Benjamin, Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política
Io credo nelle persone, però non credo nella maggioranza delle persone. Anche in una società più decente di questa, mi sa che mi troverò a mio agio e d'accordo sempre con una minoranza. (Nanni Moreti)
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Linguagem
«A tradução da linguagem das coisas na do homem não é apenas a tradução do insonoro no sonoro, mas também do que não tem nome, no nome. É, pois, a tradução de uma língua imperfeita numa mais perfeita, não faz mais do que juntar qualquer coisa, nomeadamente o conhecimento. Porém, a objectividade desta tradução tem o aval de Deus. Porque Deus criou as coisas, a palavra criadora nelas contida é o germe do nome cognoscível, da mesma forma que Deus, no fim, denominava a coisa, depois de a ter criado. Mas, aparentemente, esta denominação é apenas a expressão da identidade da palavra criadora e do nome cognoscível em Deus, e não a solução antecipada da tarefa que Deus expressamente confia ao homem: designadamente a de denominar as coisas. Na medida em que ele recebe a linguagem muda, sem nome, das coisas e a transforma no nome, em som, o homem cumpre esta tarefa. Tarefa que seria insolúvel se não foessem afins em Deus a linguagem humana dos nomes e a linguagem das coisas sem nomes, emanadas da mesma palavra criadora que, nas coisas, se teria tornado comunicação da matéria em em comunidade mágica e, no homem, linguagem do conhecimento e do nome no espírito bem-aventurado. Hamman diz: «Tudo o que o homem, no princípio, ouviu, viu com os olhos... e as suas mãos tocaram era... palavra viva; porque Deus era a palavra. Com esta palavra na boca e no coração, a origem da língua era tão natural, tão próxima e simples, como uma brincadeira de crianças...» O pintor Muller, na composição poética «O primeiro despertar de Adão e as suas primeiras noites ditosas», põe Deus a exortar o homem para que denomine, com as seguintes palavras: «Homem de terra, aproxima-te, torna-te mais perfeito na contemplação, torna-te mais perfeito através da palavra!» Nesta ligação entre contemplação e denominação, está intrinsecamente implícita a mudez comunicante das coisas (dos animais), relativamente à linguagem humana da palavra que a apreende no nome. No mesmo capítulo da composição, emana do poeta o conhecimento de que só a palavra, a partir da qual são criadas as coisas, permite ao homem a sua denominação, na medida em que ela, na diversidade das linguagens dos animais, ainda que mudas, se comunica na imagem: Deus confere, progressivamente, aos animais um sinal que os faz aparecer ao homem para que os denomine. De uma forma quase sublime verifica-se, deste modo, a comunidade linguística da criação muda com Deus na imagem do signo.»
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