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terça-feira, 23 de março de 2010

Liberdade I

... se a história não é de todo um idílio, também não é uma «tragédia de horrores», mas um drama em que todas as acções, todas as personagens, todos os componentes do coro são, no sentido aristotélico, «medíocres», culpados/ não-culpados, mistos de bem e de mal, e, contudo, o pensamento condutor é nela sempre o do bem, ao qual o mal acaba por servir de estímulo. A obra é a da liberdade que se esforça sempre por restabelecer, e restabelece sempre, as condições sociais e políticas de uma liberdade mais intensa. Quem deseje presuadir-se rapidamente de que a liberdade não pode viver de forma diferente de como foi vivida ou de como viverá sempre na história, com uma vida perigosa e combativa, deve pensar por um instante num mundo de liberdade sem contrastes, sem ameaças e sem opressões de nenhuma espécie; e de imediato ficará chocado, como se essa fosse a imagem, pior do que a da morte, da infelicidade absoluta.
Dito isto, o que são as angustias em confronto com a perda da liberdade, as invocações, as esperanças vãs, as palavras de amor e de furor que saem do peito dos homens em certos momentos e em certas idades da história? Já foi dito acima num caso análogo: nem verdades filosóficas, nem verdades históricas, nem mesmo enganos e sonhos, são motivos da consciência moral, história que se faz.

Benedetto Croce, La Storia come Pensiero e come Azione

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