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Aluno e Professor. Sempre aluno.

sábado, 29 de junho de 2013

do tamanho da mão faço-lhes o poema da minha vida,

do tamanho da mão faço-lhes o poema da minha vida,
                                                      agudo e espesso,
pois aproveitou do que seria mênstruo,
e crepita agora,
o poema das mães conjuntas quando, ainda analfabetos,
procuramos as putas futuras,
e estremecemos às vezes de sacra folia,
trançados entre as coxas,
debaixo das bocas habilíssimas,
límpidos, loucos,
e são linhas sem tropeço, de osso, nervo, sangue, sopro
e qual a matéria, e a razão, e a coesão, a força, interna
                                                 do capítulo do assombro?
dans l'ivresse,
e então penso: isto é assim:
da exacerbada cantiga das mães a gente tem
o movimento que imita a terra com seus elementos, sem
            ministérios do tempo, a aguarrás, o sal grosso, a tinta
            das rosas
- e é tudo quando se pode aprender até que a noite venha
                                                                 e desfaça,
a noite amarga

Herberto Helder

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