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Oeiras, Portugal
Aluno e Professor. Sempre aluno.

quinta-feira, 30 de maio de 2013

52.

«Portanto, o ser humano possui a vida feliz quando a vontade, que é um bem médio, adere ao bem imutável e comum, que não é próprio, como é aquela Verdade da qual muito falámos sem nada dizer que dela seja digno. E a própria vida feliz, isto é, a qualidade que reside num espírito unido ao bem imutável, é o bem próprio e principal do ser humano. Neste bem estão também todas as virtudes, das quais ninguém pode fazer mau uso. Na verdade, não obstante as virtudes serem grandes e principais bens do ser humano, compreende-se facilmente que são próprias de cada ser humano, e não comuns. De facto, é pela Verdade e Sabedoria, comuns a todos, que todos se tornam sábios e felizes, quando se lhes unem. Mas não é por meio da felicidade de um homem que outro se torna feliz, pois mesmo se alguém imitar aquele para ser feliz, o que ele deseja é ser feliz como vê que esse outro se tornou, a saber, por meio daquela Verdade imutável e comum. E não é pela prudência de alguém que outrem se torna prudente, nem forte pela fortaleza de outrem, nem sóbrio pela temperança alheia, nem é pela justiça de um homem que outro se torna justo; mas é conformando o espírito àquelas regras imutáveis e luzes das virtudes que vivem incorruptivelmente na própria Verdade e Sabedoria comuns, às quais aquele que está dotado destas virtudes configurou o seu espírito  e nas quais se fixou, e que outro se propôs imitar.»

 Santo Agostinho, Diálogo sobre o livre arbítrio

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