Io credo nelle persone, però non credo nella maggioranza delle persone. Anche in una società più decente di questa, mi sa che mi troverò a mio agio e d'accordo sempre con una minoranza. (Nanni Moreti)
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014
54.
«O que faz, afinal, toda a filosofia moderna? Desde Descartes - e isso mais a despeito dele do que baseado nele - todos os filósofos cometem um atentado contra o velho conceito de alma, sob a aparência de uma crítica do conceito de sujeito e de predicado - isto é: um atentado contra o postulado fundamental da doutrina cristã. A filosofia moderna, como cepticismo teórico do conhecimento, é, abertamente ou às ocultas, anticristã: ainda que, diga-se para os ouvidos mais subtis, de modo nenhum seja anti-religiosa. Outrora acreditava-se «na alma» como se acreditava na gramática e no sujeito gramatical: dizia-se «eu» é condição, «penso» é predicado e condicionado - pensar é uma actividade para a qual é necessário supor um sujeito como causa. Tentou-se então, com uma tenacidade e uma astúcia admiráveis, sair desta teia, - ver se o contrário não poderia, talvez, ser verdadeiro: «penso» condição, «eu» condicionado; «eu» seria, portanto, só uma síntese feita pelo próprio pensamento. No fundo, Kant queria demonstrar que o sujeito não podia ser demonstrado a partir do sujeito, - o mesmo em relação ao complemento: a possibilidade de uma existência aparente do sujeito individual, da «alma» portanto, não parece ter-lhe sido sempre estranha, pensamento este que, como filosofia do Vedanta, já existiu e teve enorme poder sobre a terra.»
Nietzsche, Para além de bem e de mal
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Poeta
«O que é para um poeta ser "representativo" de uma época? Em sentido comum e mais mediano seria aquele que consagrasse os cortes e as medidas segundo a moeda corrente e os valores a ela adaptados. O que parece mais extraordinário é que esse "representativo" de uma época nunca pode aderir completamente a ela, sob perigo de ser engolido pela mesma voragem, pelo mesmo sopro tumular; há um desvio, um silêncio audível, que não foi coberto pelo palavreado dominante na época. Ora, surpreendentemente, os três poetas escolhidos como os maiores representantes poéticos da Europa, Dante, Shakespeare e Giethe, não podiam ter deixado de nascer um no século XIV, outro no século XVII e outro no século XVIII, nem podiam ter deixado de ser um italiano, outro inglês e outro alemão. Mas, mais ainda, continua Eliot, reconhecemos neles as marcas da sua terra natal, as suas particularidades, as suas convicções, partilhadas por contemporâneos e conterrâneos:
Eles [Dante, Shakespeare e Goethe] são locais devido à sua concretude: ser humano é pertencer a uma região particular da terra [...]. O europeu que não pertencesse a nenhum país seria um homem abstracto - um rosto vazio, falando todas as línguas, sem qualquer pronúncia, fosse ela nativa ou estrangeira. E o poeta é o menos abstracto dos homens, porque é o que está mais afeiçoado à sua própria língua,aliás ele não tem meios para conhecer uma outra língua tão bem, porque para o poeta explorar os recursos da sua própria língua é a tarefa a que dedica toda uma vida»
Eles [Dante, Shakespeare e Goethe] são locais devido à sua concretude: ser humano é pertencer a uma região particular da terra [...]. O europeu que não pertencesse a nenhum país seria um homem abstracto - um rosto vazio, falando todas as línguas, sem qualquer pronúncia, fosse ela nativa ou estrangeira. E o poeta é o menos abstracto dos homens, porque é o que está mais afeiçoado à sua própria língua,aliás ele não tem meios para conhecer uma outra língua tão bem, porque para o poeta explorar os recursos da sua própria língua é a tarefa a que dedica toda uma vida»
Maria Filomena Molder, As Nuvens e o Vaso Sagrado
sábado, 5 de julho de 2014
Eu
«Contudo abençoada pela imagem e pela imagem amaldiçoada é a vida humana; só em imagens ela consegue captar-se a si própria, impossíveis de desterrar são as imagens, estão em nós desde os primórdios dos rebanhos, são anteriores e mais fortes do que o nosso pensar, estão na intemporalidade, encerram em si passado e presente, são dupla recordação de sonhos e são mais poderosas que nós: ele próprio era imagem, ele que ali jazia, e dirigindo-se para a realidade mais real, levado por invisíveis ondas, mergulhando nelas, era a imagem do navio a sua própria imagem, vinda das trevas, metendo-se nas trevas, mergulhando nas trevas, ele próprio era o barco imenso, que é simultaneamente ele mesmo a imensidade, e ele próprio era a fuga, que se dirige para esta imensidade, ele próprio o barco em fuga, ele próprio a meta, imenso ele próprio, imenso, impossível de abranger, impossível de imaginar, uma infinita paisagem corpórea a paisagem do seu corpo, uma imagem do mundo subterrâneo da noite que poderosamente se estende, de tel modo que ele, despojado da unidade da vida humana, despojado da unidade da saudade humana, já há muito se considerava incapaz de dominar o seu próprio eu, conhecendo todas as separadas regiões e províncias em que o Eu uno, único, estendido por sobre o infinito, tivera de se dividir...»
Herman Broch, A Morte de Virgílio
segunda-feira, 2 de junho de 2014
L'étonnement
«L'étonnement, au début comme
aujourd'hui encore, a poussé l'homme
à philosopher [...] mais qui questionne
et s'étonne a le sentiment
de l'ignorance [...]. Afin donc d'échaper
à l'ignorance, les hommes commencèrent
à philosopher.»
aujourd'hui encore, a poussé l'homme
à philosopher [...] mais qui questionne
et s'étonne a le sentiment
de l'ignorance [...]. Afin donc d'échaper
à l'ignorance, les hommes commencèrent
à philosopher.»
Aristóteles
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