da volúpia e do prazer
capaz de anular de um só instante
o ressentimento dos tímidos e a
inexperiência dos muito novos.
Não sei se é assim a beladona,
na revelação da rosa e do branco
quando em setembro ergue da terra
baixa o calor doce da sua haste.
No fim do verão surge a beladona,
conquistador de um tempo de mar
vagas de um sentimento sem fim e
a frágil cor obedece a um impulso
estranho e viril.
Quem diria a beladona carregada
de um tempo ferido por um per-
verso e brusco desejo?
Acaricia junto ao seio a paciente
tépida noite do outono e o caule
abre o juvenil rosa desarmado
do verão, mas não esquecido
do branco polén, o seu veneno.
João Miguel Fernandes Jorge, Terra Nostra
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