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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

As Coisas que se Afirmam de Deus não Diferem Realmente

«Por conseguinte, importa que consideres que todas as coisas que se afirmam de Deus não podem, devido à suprema simplicidade de Deus, diferir realmente, ainda que, por razões diferentes, atribuamos a Deus nomes sempre diferentes. Deus, porém, na medida em que é a razão absoluta de todas as razões formáveis, complica em si as razões de tudo. Por isso, ainda que atribuamos a Deus vista, ouvido, gosto, odor, tacto, sentido, razão, intelecto e outras coisas semelhantes segundo razões sempre diferentes, próprias do significado de cada um destes vocábulos, todavia nele o acto de ver não é diferente do acto de ouvir, de gostar de cheirar, de tocar, de sentir e de compreender. E assim se diz que toda a teologia tem uma natureza circular, dado que um dos atributos se afirma de outro. E o ter de Deus é o seu ser; o seu mover-se é o seu estar; o correr, o descansar; e o mesmo [se diga] dos restantes atributos. Assim, ainda que nós lhe atribuamos por uma razão o mover-se e por outra o estar, todavia, porque ele é a razão absoluta na qual toda a alteridade é unidade e toda a diversidade identidade, então, a diversidade das razões, segundo o que nós concebemos como diversidade, e que não é a própria identidade, não pode existir em Deus.»

Nicolau de Cusa, A Visão de Deus

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