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terça-feira, 3 de junho de 2008

A casa de Croce

(…) Eis, portanto, o único lugar onde pode ser colocado o orgulho do filósofo: na consciência da maior intensidade das suas interrogações e das suas respostas; orgulho que não surge sem a companhia da modéstia, ou seja, da consciência de que, ainda que o seu âmbito seja mais amplo ou o mais amplo possível num determinado momento, tem contudo os seus limites, traçados pela história daquele momento e não pode aspirar a um valor de totalidade, ou, como se costuma dizer, de solução definitiva. A vida ulterior do espírito, renovando e multiplicando os problemas, torna, já não falsas, mas inadequadas as soluções precedentes, parte das quais cai no número daquelas verdades que se subentendem, e outra parte deve ser retomada e integrada. Um sistema é uma casa que, imediatamente depois de construída e enfeitada, precisa (sujeita como está à acção corrosiva dos elementos) de um trabalho, mais ou menos enérgico, mas assíduo, de manutenção. Contudo, a certa altura, para levar por diante este trabalho de manutenção deixa de ser suficiente restaurar e escorar, tornando-se necessário deitar abaixo e reconstruir desde os alicerces. Mas com esta diferença capital: a de que, na obra do pensamento, a casa perpetuamente nova assenta perpetuamente na antiga, a qual, quase por magia, perdura nela.(…)
Benedetto Croce, in Breviario di estetica

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