Pontos fundamentais a sublinhar: a afinidade (aqui sob a forma do parentesco entre obra de arte e problema filosófico) é o conceito-chave da categoria da relação em Benjamin. O problema filosófico surpreende-se como possibilidade de formulação do teor de verdade da obra, que terá de ser desenterrado. Com frequência, a crítica - aqui claramente equiparada à filosofia - é comparada a um acto de desenterrar, de escavar na terra. O crítico é assim como um mineiro ou um descobridor de tesouros. Diante da obra, a pessoa que tem um segredo que não confessará pela violência,, exige-se paciência, perseverança e reverência. Daí a verdade ser reconhecível e não questionável, pois pertence à ordem do mistério. Esta é uma ideia que Benjamin nunca põe de lado: a verdade não é um objecto de questionação, é uma exigência. Guardemos o reenvio do belo ao verdadeiro para mais tarde. Sublinhe-se desde já a confiança de Benjamin em relação à legitimidade de continuar a falar do vínculo entre beleza e verdade, sempre que se trata de pensar o que é a filosofia.
O Químico e o alquimista - Benjamin, Leitor de Baudelaire
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